Os lançamentos de unidades do programa habitacional Casa Verde e Amarela (CVA), por exemplo, reduziram em 40%, e a oferta final 11,1% em 2022, na comparação com os últimos meses de 2021. As entidades da construção civil alertam que os números negativos não tem relação com a alta nas taxas de juros, mas são provocados por três fatores preponderantes, como o aumento dos preços e dos custos dos materiais da construção civil, a falta de confiança para novos lançamentos habitacionais dos empresários e incorporadoras, bem como a queda do poder de compra das famílias.
O levantamento foi divulgado este mês, e faz parte do estudo Indicadores Imobiliários Nacionais do 1º trimestre de 2022, realizado pela Câmara Brasileira da Indústria da Construção (CBIC) e pelo Serviço Nacional de Aprendizagem Industrial (Senai Nacional), em parceria com a Brain Inteligência Estratégica.
Seguindo as análises comparativas dos últimos dois anos, observa-se que por conta do aumento significativo nos preços dos insumos, é inevitável que essa alta seja repassada para o preço de venda dos novos lançamentos.
Conforme o presidente da CBIC, José Carlos Martins, entre o 2º semestre de 2020 e o 2º semestre de 2021, os lançamentos chegaram a apresentar um crescimento constante, mas depois o mercado começou a apontar uma redução em relação ao pico mais alto. Para lidar com os impactos do aumento de custo, empresários e incorporadoras têm investido nas obras que estão em andamento, analisa Martins.
Alta nos preços dos materiais de construção
De acordo com dados do Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística (IBGE), o Índice Nacional da Construção Civil (Sinapi) subiu 0,99% em março. O acumulado do primeiro trimestre de 2022 ficou em 2,29%, e nos últimos 12 meses a alta no indicador foi de 15,75%, envolvendo os custos dos materiais e da mão de obra.
Em Lagarto, cidade que tem apresentado aumento populacional nos últimos anos, os lançamentos têm um papel fundamental na promoção da moradia. Neste sentido, as entidades do ramo vislumbram que, havendo uma estabilização da variação das parcelas dos insumos em geral, os programas podem atingir as metas previstas.
Para Evislan Souza, diretor-presidente da JFilhos Construtora, a elevação dos preços e custos dos insumos para a construção civil tem sido um dos quesitos responsáveis pela diminuição dos lançamentos, fazendo com que os valores para o consumidor final também cresçam. “Os preços das casas subiram com o aumento do custo dos materiais de construção. Em Lagarto, por exemplo, uma casa que foi comercializada há três anos por 120 mil, já não tem, e está sendo comercializada por volta de 160 mil, isso em Lagarto, que está precisando muito desse tipo de habitação”, destaca.
Em comparação com o 4º trimestre de 2021, todas as regiões brasileiras apresentaram queda: Sul (9,3%), Sudeste (7,3%), Nordeste (7,2%), Norte (7,1%) e Centro-oeste (5,2%). Para o restante do ano de 2022, ou seja, 2º semestre, as organizações têm a expectativa de que o Governo Federal possa intervir para salvaguardar os contratos da CVA e a estabilização da inflação nos materiais contribua para o incentivo aos próximos lançamentos.