A presença de Lula em Sergipe ontem, 15, teve significado importante para o estado, que irá retomar obras cruciais para seu desenvolvimento. No entanto, de forma oposta ao que se esperava, a visita do presidente não foi vista apenas como uma ação para vistoria. Muito pelo contrário. O evento foi usado como ferramenta pessoal pelo secretário-geral da Presidência, Márcio Macedo (PT), que buscou a todo custo tomar para si e para os opositores de Lula os holofotes da solenidade, deixando a militância petista, movimentos sindicais e sociais, que construíram o partido no estado, em segundo plano.
A atitude, que não tinha nada de despretensiosa, causa um ainda mais nefasto rompimento institucional do ministro com o posicionamento de oposição da executiva estadual do PT, tendo em vista os caminhos escolhidos por ele para alcançar seu objetivo.
Nessa conjuntura, chama a atenção seus acenos amigáveis para quem deveria ter uma postura de opositor: o governador Fábio Mitidieri (PSD). Os bastidores da política sergipana já têm dado conta, inclusive, de um possível e contraditório rearranjo de apoios, considerando os encontros do ministro com o pessedista, quando a relação do PT com os governistas vem sendo marcada por um constante imbróglio desde 2020 e, principalmente, após o grupo ter usado o bolsonarismo ao seu favor em 2022, tão combatido pelos que elegeram Lula.
A aproximação entre ambos era sabida nos bastidores do alto escalão político, mas ficou evidente para todos no evento de ontem, o que gerou revolta dentre os movimentos citados no primeiro parágrafo. Nesse ponto, vale lembrar que é natural que ambos construam uma relação de proximidade, deixando Sergipe em primeiro lugar. No entanto, o real cenário em volta da visita de Lula deixa claro o jogo de interesses de Macedo, a começar pela organização da cerimônia em Maruim.
Na ocasião, Macedo, um dos organizadores, mostrou um possível favorecimento a aliados do bloco governista no palanque de Lula, enquanto Chico do PT e Linda Brasil (PSTU), grandes nomes da esquerda no estado, foram esquecidos, sem ao menos serem convidados para estar no dispositivo geral. A organização também barrou líderes de movimentos sindicais e deixou à mercê equipes da imprensa local, que chegaram a passar mal devido à péssima estrutura.
Em contrapartida, a irmã do governador e deputada estadual, Maisa Mitidieri (PSD), por exemplo, foi privilegiada com uma das cadeiras próximas ao petista. Além disso, houve também o almoço após o ato, realizado na casa do pai de Fábio, Luís Mitidieri, e não em um local oficial do governo, ou com encontro restrito entre a militância petista, o que gerou ainda mais insatisfação da categoria com Márcio, responsável pelo evento de ontem.