Os movimentos avançados do PSOL para lançar pré-candidaturas próprias ao Governo do Estado e Senado Federal se chocam diretamente com as pretensões das pré-campanhas de Rogério Carvalho (PT) a governador e Valadares Filho (PSB) para senador. Os psolistas possuem uma ligação umbilical com as pautas esquerdistas e estariam próximos de boa parte do eleitorado pró-Lula, o que poderia prejudicar consideravelmente as intenções de Valadares e Rogério de vincular as suas imagens à figura do ex-presidente.
A sigla divulgou a possibilidade de formação da chapa majoritária ontem, 6, em sua conta oficial do Instagram. Com isso, a agremiação trabalha os nomes da advogada Niully Campos, que deve pleitear o governo tendo como vice o presidente do PSOL de Aracaju, Dedé Alegria. Para o Senado, o advogado e ex-presidente da OAB Sergipe, Henri Clay Andrade, completaria a chapa majoritária. O partido deverá deliberar sobre o assunto nos próximos dias.
Os esquerdistas vinham articulando para apoiar Rogério Carvalho, mas ao que tudo indica, as tratativas não avançaram. A base partidária é uma agremiação que dialoga com camadas populares e o movimento estudantil, ao passo que Rogério busca lideranças esparsas, que não necessariamente possuam perfil ideológico que o eleitorado que ele mira deseja. Com a oficialização da chapa psolista, a fragmentação pode minar a força do projeto do petista no estado.
Se confirmado, o movimento político também vai impactar os objetivos de Valadares Filho, que já largou enquanto pré-candidato ao Senado Federal como postulante declaradamente lulista, apesar de seu histórico recente que deixa um rastro de repúdio diante do eleitores de Lula. Com isso, a presença de Henri Clay na disputa colocaria em xeque os objetivos dos Valadares, visto que o advogado tem um enraizado histórico de militância esquerdista, além de peso eleitoral, tendo acumulado 110 mil votos nas eleições de 2018.
O PSOL atualmente possui uma base eleitoral sólida no estado, tendo a vereadora mais votada da capital sergipana, Linda Brasil, além de outras lideranças de esquerda espalhadas pelos municípios. Uma chapa majoritária da sigla causaria um deblaque irreversível nas urnas a Rogério Carvalho – que já enfrenta resistência de parte da esquerda – e aos Valadares.