A indefinição do presidente Lula (PT) sobre a direção do Instituto de Colonização e Reforma Agrária (Incra) virou alvo de críticas entre organizações ligadas à luta do campo, como o Movimento dos Trabalhadores Sem Terra, principalmente, após a suposta articulação do ministro-chefe da Secretaria Geral da Presidência, Márcio Macedo (PT), para que a sergipana Rose Rodrigues não fosse nomeada para comandar a autarquia.
Como o presidente já havia batido o martelo pela indicação de Rose para a presidir o órgão, a expectativa do MST era de que a militante fosse nomeada nos próximos dias. Ontem, 23, porém, conforme foi noticiado pelo jornalista Wendal Carmo, da revista Carta Capital, integrantes do PT relataram uma possível mudança na escolha de Lula, o que gerou uma frustação nos movimentos sociais.
O Incra, hoje vinculado ao Ministério do Desenvolvimento Agrário, virou alvo de disputa em Sergipe. Segundo uma fonte da Realce em Brasília, Márcio articulou com uma base ligada ao PSD e Mitidieri na capital federal, utilizando-se mais uma vez de aliados, que trabalharam contra Lula e contra os interesses das classes trabalhadoras nas eleições passadas, para que Rose não fosse nomeada.
Segundo uma liderança sindical, não nomear alguém que entenda e defenda a importância dos movimentos sociais na reforma agrária é algo que não cabe na perspectiva de quem ocupa um posto tão importante dentro do Partido dos Trabalhadores. Se confirmada, a atitude de Márcio mostra desrespeito aos militantes da sigla e dos movimentos que buscam retomar a reforma agrária, prova disso é o tom de revolta que vem ganhando o país.
Após a repercussão dos fatos dada pela Realce, o ministro mostrou uma face contraditória como militante do PT, que foi ameaçar a imprensa e, mais precisamente, a revista, por ter deixado pública sua disputa interna com Rose e com a ala ligada aos movimentos sindicais e sociais mais sérios, o que vai contra a tudo que Lula prega e pautou no seu discurso nas últimas eleições.
Em nota conjunta, mais de 30 entidades, entre elas a Central Única dos Trabalhadores e o Movimento Negro Unificado, manifestaram apoio à indicação da sergipana para tentar barrar a suposta interferência do ministro.