Márcio Macedo (PT) iniciou o ano de 2023 assumindo a Secretaria-Geral da Presidência da República, sendo mais uma figura política sergipana a ganhar destaque e espaço no terceiro mandato do presidente Luiz Inácio Lula da Silva (PT). No ministério, importante pela proximidade com o chefe do Executivo federal, ele ficou responsável por despachar dentro do Palácio do Planalto e influenciar, por exemplo, na agenda do mandatário. Na função, no entanto, é preciso ter boa interlocução com a sociedade civil, os partidos da base e, principalmente, com os movimentos populares e sindicais, com o objetivo de dialogar e diminuir eventuais tensões, o que, sem sombra de dúvidas, o ministro deixou a desejar. Ele também cometeu erros gravíssimos em sua articulação no estado, reduzindo a cinzas sua força com a militância petista.
Na primeira visita de Lula a Sergipe, ocorrida em fevereiro no município de Maruim, por exemplo, Márcio se viu envolto em polêmicas. Ao privilegiar lideranças aliadas ao governador Fábio Mitidieri (PSD), dando os primeiros sinais de uma aproximação, mesmo com o PT mantendo posição de oposição ao pessedista, o ministro deixou a militância à margem, cometendo violência política contra ela, desprivilegiando os membros do partido que lutaram pela eleição de Lula e contra o grupo do atual chefe do executivo estadual, gerando um grande descontentamento. Além disso, a organização do evento sob sua responsabilidade também foi duramente criticada, especialmente pela ausência de tendas para os profissionais de comunicação, que enfrentaram o forte sol sem acesso adequado para imagens e entrevistas, mesmo estando credenciados.
Ainda em fevereiro, Macedo enfrentou mais uma polêmica ao ser apontado como o principal responsável pelo recuo na nomeação da sergipana e militante do MST, Rose Rodrigues, para o comando do Instituto de Colonização e Reforma Agrária (Incra), em uma articulação no único período do ano que ele mostrou influência política. Essa decisão provocou uma onda de repúdio por parte de membros do PT e da militância. Na época, mais de 30 entidades, incluindo a Central Única dos Trabalhadores e o Movimento Negro Unificado, expressaram apoio à indicação de Rose Rodrigues, buscando resistir à alegada interferência do ministro.
Toda essa situação gerou uma grande repercussão não somente em Sergipe, como também na imprensa nacional. No entanto, apenas os veículos sergipanos entraram na mira do ministro, que tentou silenciá-los através de judicialização de suas matérias. Usando essa estratégia antidemocrática, Márcio tentou intimidar a própria Realce e o canal Expressão Sergipana.
Em agosto, também ganhou repercussão na imprensa nacional um furo do Estadão sobre uma viagem do ministro em um avião da Força Aérea Brasileira (FAB) para ir de Belém (PA) a Santarém (PA) comemorar o aniversário da esposa, alegando que voava “a serviço”. A viagem em um voo comercial poderia custar até R$ 3,5 mil. Já o trecho em aeronave particular pode alcançar até R$ 70 mil.
Nas articulações políticas em Sergipe, apesar de tentar justificar alegando que seguia a institucionalidade de seu cargo, o ministro evidenciou sua proximidade com os governistas, buscando consolidar seu projeto individual, o que vai de encontro as deliberações do PT, desrespeitando tanto o próprio partido quanto a militância.
Inclusive, aguardando um acordo com o grupo, Márcio acabou deixando de lado Eliane Aquino (PT) na corrida pela prefeitura de Aracaju em 2024, deixando espaço para que Candisse Carvalho (PT) ganhasse destaque gradualmente como o nome preferido pelo PT para a disputa.
No caso mais recente, Macedo, na ânsia por aproximar o PT de Fábio, supostamente passou a desconsiderar não apenas seu próprio partido e a militância petista, mas também seus leais aliados, incluindo Valadares Filho (PSB), tudo em prol de seu ambicioso projeto político pessoal. Nos bastidores, circulavam informações indicando que o ministro, após reuniões com o presidente nacional da sigla, Carlos Siqueira, articulou a saída de Valadares Filho da liderança do PSB, movendo-o para a base de Mitidieri. Já outros analistas a nível nacional e a própria classe política em Brasília acreditam apenas que MM é desprovido de influência política e não conseguiu segurar o partido do seu principal aliado, responsável por receber sergipanos na capital federal.
Todos esses episódios marcaram o ano de Márcio, que, segundo o próprio presidente Lula, deixou a desejar à frente da Secretaria-Geral da Presidência. Um 2023 que começou com grandes expectativas para Macedo, termina marcado por uma das maiores frustrações do partido no estado.