O ex-policial militar Ronnie Lessa forneceu detalhes à Polícia Federal sobre o suposto acordo feito para o assassinato da vereadora Marielle Franco, envolvendo o delegado Rivaldo Barbosa, então chefe da Polícia Civil. Ele relatou que Domingos Brazão, conselheiro do Tribunal de Contas do Estado do Rio (TCE), teria aconselhado a antecipar o crime para evitar futuras tentativas de extorsão por parte dos investigadores.
“É melhor você acertar antes o crime do que esperar um bote, foram os termos dele”, disse, citando o que teria ouvido do conselheiro, preso no último domingo, 24, junto com seu irmão, o deputado federal do União Brasil, Chiquinho Brazão, sob a acusação de ser mandante do homicídio de Marielle e Anderson Gomes.
Segundo Lessa, o acordo prévio com os irmãos Brazão, Domingos e Chiquinho garantiria uma abordagem mais segura para cometer homicídios na capital fluminense, evitando possíveis tentativas de extorsão por parte dos investigadores.
A Polícia Federal, em relatório de investigação, destacou que o acordo prévio com o delegado Rivaldo Barbosa, responsável por coordenar todas as investigações de homicídios na Região Metropolitana do Rio de Janeiro, poderia ser uma estratégia mais econômica e menos arriscada para os autores intelectuais dos crimes.
“É absolutamente deplorável que estejamos diante de um cenário de crime pré-pago no Rio de Janeiro, onde os autores intelectuais avençam com a polícia judiciária a melhor forma de se cometer um homicídio, a fim de que não haja qualquer represália no decorrer de sua futura apuração”, concluem os delegados Guilhermo Catramby, Jaime Candido e Leandro Almada, que assinam o relatório final da investigação.