Enquanto a iniciativa do governo do Estado para privatizar a Deso avança em Sergipe, um estudo indica que esforços para fazer exatamente o inverso nos sistemas de saneamento continua a ser uma tendência global crescente. Conforme aponta um balanço do Instituto Transnacional (TNI), de 2000 a 2019, 312 cidades em 36 países reestatizaram seus serviços de tratamento de água e esgoto. Entre elas, Paris (França), Berlim (Alemanha), Buenos Aires (Argentina) e La Paz (Bolívia).
Ou seja, a pesquisa detalha experiências das cidades que recorreram a privatizações de seus sistemas de água e saneamento nas últimas décadas, mas decidiram voltar atrás. A longa lista também inclui lugares como Budapeste, Bamako (Mali), Buenos Aires e Maputo (Moçambique).
As decisões foram tomadas após tarifas muito altas e promessas de universalização não cumpridas, além de problemas com transparência e dificuldade de monitoramento do serviço pelo setor público.
No quesito do aumento das tarifas, as empresas privadas precisam fazê-lo para, consequentemente, lucrar mais. Segundo especialistas, no entanto, esse comportamento pode gerar um ciclo vicioso em que a população não consegue arcar com o aumento das tarifas.
Mesma tendência que vem sendo cogitada em Sergipe com a concessão dos sistemas de esgoto para a iniciativa privada, que deverá durar pelo prazo de 35 anos. A Deso está presente em 71 dos 75 municípios do Estado, mas o acesso à rede de esgoto é uma realidade para apenas 60% da população, o que aponta, desde já, que a mudança pode ser falha e prejudicar ainda mais algo que já não é de qualidade.