Por Fernanda Souto
Apesar das inúmeras lutas e conquistas das mulheres para terem suas vozes ouvidas e seus direitos reconhecidos, o patriarcado e o machismo estrutural continuam a perpetuar um ciclo vicioso de violência e opressão. Mesmo quando elas conseguem alcançar posições de poder e influência, muitas vezes são alvo de ataques e retaliações, demonstrando a resistência arraigada às mudanças sociais e a persistência das hierarquias de gênero, que permeia, por exemplo, em Sergipe.
No estado, que está prestes a testemunhar a ascensão de mulheres em cargos de poder nas eleições 2024, elas têm sofrido mais ataques e violência de gênero, numa frequência fora do comum, principalmente aquelas que se posicionam como favoritas na disputa, ultrapassando os velhos caciques políticos.
Em Aracaju, exemplos claros desse fenômeno incluem Candisse Carvalho (PT), que tem ganhado destaque nos últimos meses, representando uma ameaça às já reduzidas chances do grupo alcançar o segundo turno. No caso da jornalista, ela tem sido alvo de falsas narrativas que buscam deslegitimar sua pré-candidatura, retratando-a como inexperiente na política, apesar de possuir uma extensa trajetória na área, que desmente qualquer uma dessas fake news. Com a vereadora Emília Corrêa (PRD), que já foi vítima de violência política de gênero, articulações por parte dos governistas são feitas para enfraquecer sua pré-candidatura.
Em Nossa Senhora do Socorro, uma situação semelhante se desenrola em torno da deputada estadual Carminha Paiva (Republicanos). Opositores têm tentado desvalorizar sua trajetória, que é amplamente reconhecida e respaldada entre os socorrenses devido ao seu trabalho como parlamentar e como assistente social, recorrendo a narrativas machistas e misóginas ao afirmar que ela é apenas mais uma figura submissa ao prefeito Padre Inaldo (PP).
Em Nossa Senhora das Dores, Dra. Thamires tem sofrido violência politica de gênero, alegando que há ataques da mídia local tentando intimidá-la para desistir da disputa.
Esses são apenas alguns dos exemplos que tem marcado negativamente, desde já, a disputa que será realizada no dia 6 de outubro, além de vários outros casos em que as mulheres que buscam ocupar espaços de poder enfrentam não apenas o desafio das eleições, mas também a hostilidade de adversários que recorrem a ataques machistas e misóginos para desacreditá-las e desencorajá-las.